Julião Sarmento: um olhar “antonioniano”
- 02 Abr, 2024
- Posted by Galeria Rastro
Sobre Julião Sarmento já tudo foi escrito: um dos maiores pintores do século XX português, “pai” da arte contemporânea portuguesa, um dos artistas nacionais mais inovadores da arte nacional, o artista nacional mais reconhecido e premiado internacionalmente, etc, etc.
Mas a arte de Julião continua enigmática e a gerar discussão: onde começa o erotismo e acaba a pornografia? Ou tudo não passa de um jogo do artista, simples símbolos das pulsões primordiais do homem?
Julião Sarmento, numa das últimas entrevistas que concedeu, respondeu indiretamente à questão, a propósito do seu amor à obra de Antonioni e ao fato do “cinema ser uma constante” na obra do artista:
“Sim, claro. Gosto imenso do Antonioni, mas não gosto de personalizar, porque limita. Por exemplo, gosto do Antonioni e gosto do Fellini. São absolutamente geniais. Mas identifico-me mais, mesmo enquanto artista, com a obra do Antonioni, porque ele limita-se a mostrar e a não ajuizar ou a moralizar, contrariamente ao Fellini, que mostra e dá-nos a sua opinião sobre uma personagem e, portanto, indicações de como reagir a essa personagem. O meu olhar é mais antonioniano do que felliniano”.
E é mesmo com um olhar “antoniano” que devemos apreciar as fotografias da série Mod., imagens algo cinematográficas de dramas do nosso quotidiano.
Erotismo ou pornografia? Cinema ou pintura? Jogo do Artista?
Adira ao Clube Rastro, coloque o seu olhar “antonioniano” e decida…