Martinho Dias: Allegro ma nom Troppo – a vitória da harmonia ou da cacofonia?
- 15 Abr, 2024
- Posted by Galeria Rastro
Em Allegro ma nom troppo de Martinho Dias, o maestro fere o boxeador com um jab; o soco rápido é dado pela batuta que, simultaneamente, dirige uma orquestra de metais. O espetador vibra com a vitória da harmonia sobre a cacofonia do combate, ou exulta com a violência do espetáculo?
Já em 2019, no texto do catálogo da exposição de Martinho Dias na galeria O Rastro – intitulada Office. -, o escritor António Tavares aduziu o mesmo: “Não é possível ficar indiferente à pintura de Martinho Dias. Ela capta-nos o olhar, quanto mais não seja, pela inusitada quebra dos ambientes formais que nos oferece. O elemento dissonante – corvos, galinhas, cães em corrida, poses inadequadas – introduz uma dimensão caricatural e política que suscita um olhar intérprete. E quem vê tem de reflectir, ainda que a arte, como pretendia Freud, possa ser incompreensível e enigmática. Martinho Dias solicita-nos a que o esforço da razão ceda ao deleite do olhar”.
E, no caso da obra de Martinho Dias, mesmo que o “deleite do olhar” nos tolde a “razão”, o risco não existe: Martinho Dias é um dos artistas mais bem sucedidos da atualidade, com colecionadores espalhados por todo o mundo e exposições onde todas as obras expostas são adquiridas!
Não perca a oportunidade de aceder à maestria de Martinho Dias através do Clube Rastro, até porque “ficar indiferente à pintura de Martinho Dias é permanecer em desassossego e ambiguidade. E nós, homens, usando o bisturi da razão explicativa, tendemos para o que é confortável e certo. A questão é se lá chegamos”.