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Paula Rego

Obra de Paula Rego

“Quando estou a trabalhar esqueço o medo… ou pinto-o”.

Quando perguntaram a Paula Rego – numa das raras entrevistas à imprensa que tem concedido – porque é que a artista falava muito de medo, Rego explicou o seguinte: a minha mãe costumava dizer que eu tinha medo de tudo, até das moscas. Tudo me assustava. Os meus pais compraram-me um cachorro para me fazer companhia, mas tinha tanto medo que não queria tocar-lhe. Eu durmo com a luz acesa porque tenho medo do escuro, não gosto de aranhas, detesto estar sozinha e ainda tenho dias preenchidos de terror. Medo da morte e do diabo. Eu acredito no diabo. Ele entrou uma vez no meu quarto quando eu era pequena.

Nesta entrevista, publicada na revista “Notícias Magazine” em 2016, participou na conversa a filha da artista, Cas Willing, autora de um livro infantil ilustrado pela mãe, que reagiu desta forma à declaração de Paula sobre o diabo:

“CAS: Pensava que tinha sido a morte. Aquela morte que ficou especada à porta.

PAULA: É difícil ver a diferença. Foi tão aterrador.

CAS: Mas não deixas que o medo te paralise. Continuas em frente.

PAULA: Ir para o estúdio ajuda. Quando estou a trabalhar esqueço o medo… ou pinto-o”.

Paula Rego pintou exaustivamente o medo de Jane Eyre, a pobre órfã – criada por Charlote Brontê em 1847 – que cresceu em casa de uma tia cruel e, depois, numa instituição onde a solidão e, até, a tortura imperavam. Mas a traumática infância de Eyre moldou-lhe o carácter, tal como Paula Rego venceu os seus imensos medos através da pintura: “Ir para o estúdio ajuda. Quando estou a trabalhar esqueço o medo… ou pinto-o”.

E Paula Rego venceu o medo e transformou-se numa das melhores e mais importantes artistas mundiais; em Inglaterra é considerada uma das quatro artistas mais relevantes da atualidade; o periódico Financial Times considerou-a uma das 25 mulheres mais influentes do mundo; a sua retrospetiva no Museu Tate Britain bateu recordes de visitantes, estando, no momento, a expor no Museu Picasso de Málaga; a cotação das suas obras têm subido em flecha em leilões e galerias, etc, etc.

O Clube Rastro tem a honra de apresentar a litografia “Girl reading at a window”, da série Jane Eyre , que, segundo a própria autora, representa uma das séries de litografias e gravuras mais importantes de toda a sua carreira.

Adira, sem “medo”, ao Clube Rastro e coloque nas paredes de sua casa o génio de Paula Rego e de Jane Eyre.