Pedro Calapez no Clube Rastro.
“O que me interessa é o que me deslumbra na vida”
Em 1957, Mark Rothko declarava perentoriamente: “Eu não sou um abstracionista. Eu não estou interessado na relação da cor ou forma ou qualquer outra coisa. Eu interesso-me apenas em expressar emoções humanas básicas: tragédia, êxtase, ruína, e assim por diante…”.
Pedro Calapez, em entrevista a um periódico espanhol, afirmou algo semelhante: “Toda a imagem representa um ato político. Não pretendo transmitir mensagens, sejam elas quais sejam. O que me interessa é o que me deslumbra na vida e o que me surpreende quando pinto ou desenho, e se o que fiz se materializou num objeto que alguns chamam arte. Pouco me interessa se é arte ou não. Acredito que a obra deve ser aberta, como dizia Umberto Eco. Deve permitir múltiplas interpretações e, como tal, múltiplas discussões…”.
A junção de citações de Mark Rothko e Pedro Calapez não é um acaso: ambos são expressionistas abstratos, mais especificamente ligados ao “Color Field” – em português, Campo de Cor -, uma tendência artística que marcou uma clivagem indelével dentro do expressionismo abstrato: entre os artistas que seguiam a gestualidade “brutal” e intuitiva da “Action Painting” e a meditação, por vezes mística, dos artistas da “Color Field”, com as suas cores planas e indefinidas…
Ou, numa célebre definição, o “Color Field” acontece quando a “cor é libertada do contexto objetivo e torna-se, ela própria, o sujeito”. Mas repare-se como Jules Olitsky, um dos mais conhecidos pintores deste movimento, desmistificou a definição: “não sei o que significa pintura em cores. Eu acho que provavelmente foi inventado por algum crítico, o que está bem, mas eu não acho que a frase signifique qualquer coisa. Pintura de campo de cores? Quero dizer, o que é cor? A pintura tem a ver com muitas coisas. A cor está entre as coisas que tem a ver com isso. Tem a ver com a superfície. Tem a ver com a forma, tem a ver com sentimentos que são mais difíceis de obter”.
E são estes “sentimentos” que Pedro Calapez tenta obter desde os anos 70. Com um brilhantismo que já o levou a expor na Bienal de Veneza (em 1986) e na Bienal de São Paulo (em 1987 e 1991), assim como na Fundação Calouste Gulbenkian, Casa de la Cittá, Roma, Carré des Arts, Paris, etc. E que levou importantes instituições e museus europeus, como o Banco Central Europeu, a Fundação Pilar i Joan Miró ou o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, a adquirirem e colocarem obras de Calapez no seu acervo. Refira-se que Pedro Calapez recebeu a aclamação da crítica nacional em 2005, quando lhe atribuíram o prémio da “AICA”, tendo também recebido o maior prémio nacional de arte em 2001, quando lhe foi atribuído o “Prémio EDP Pintura”; Calapez também já foi premiado no estrangeiro, nomeadamente em Maiorca, Cáceres, etc.
Pedro Calapez é, portanto, um dos artistas nacionais mais relevantes e um dos pintores com maior valorização no mercado da arte, com colecionadores espalhados por toda a Europa.
Por isso, é um privilégio para o Clube Rastro apresentar no seu acervo duas obras maiores do artista – clique aqui e admire os seus trabalhos; tendo sempre presente no espírito as palavras de Mark Rothko: “Eu não estou interessado na relação da cor ou forma ou qualquer outra coisa. Eu interesso-me apenas em expressar emoções humanas básicas: tragédia, êxtase, ruína, e assim por diante…”.