Manuel Cargaleiro: “O pintor das emoções”

Manuel Cargaleiro (1927-2024) foi um artista português que se dividiu entre a cerâmica (onde se iniciou) e as artes plásticas, em ambas o que prevalecia como elemento estruturador era a geometria que, de uma forma ou de outra, era a base para as suas “paisagens”.

Muitas das vezes, estas paisagens eram meras figuras geométricas que, pequenas ou grandes, surgiam em grande plano nas telas do Manuel Cargaleiro. Outro ponto que surge com grande consistência na sua obra, e lhe oferece um encantamento desmedido, é um certo “minimalismo”; por exemplo, as flores que pintava estavam impregnadas deste minimalismo, o que lhes conferia uma leveza exuberante (sendo que muitas das quais eram meramente inventadas).

Há quem, neste vértice minimalista, compare a obra de Manuel Cargaleiro à de Maria Helena Vieira da Silva (de quem foi amigo e com quem colaborou intensamente).

Estas semelhanças não deixam de ser reais; mas enquanto a pintura de Vieira da Silva era cerebral e existencialista, seduzindo o intelecto através das suas enormes cidades e bibliotecas, já Cargaleiro pretendia refletir as emoções e estados de espírito do ser humano através das formas e cores do seu abstracionismo lírico.

Opinião de Jaime Beja, Mestre em História de Arte pela Universidade de Coimbra.